Foto: Solaris |
Por Secretaria Executiva do Fórum Brasileiro de Economia Solidária
No quarto dia (04/08) da Oficina Nacional, o tema do histórico do capitalismo e das lutas sociais foi o foco dos debates, facilitado pelo educador da Escola Nacional Florestan Fernandes, Francisco de Pádua.
A atividade se iniciou com sua apresentação: "O capitalismo inicia com a expulsão dos camponeses do campo, concentração nas cidades, mas encerra seu próprio fim, porque conecta as pessoas. Um homem não faz a revolução sozinho, atos unidos é que podem mudar com a consciência de classe."
"No capitalismo temos a liberdade perante a lei, sensação de ser livre quanto mais somos dependentes da mercadoria. O estado tem um papel regulador nisso, enquanto máquina de manuteção e reprodução da desigualdade, com a justiça legitimando a moral capitalista, e a desigualdade social." Neste sentido, colocou-se a questão, até onde podemos ir junto ao estado?
O MST compreende a emancipação como é uma forma de organização social aonde não hajam desigualdades, e a luta imediata não diminui a desigualdade, mostra o conhecimento da desigualdade. Assim, as melhorias imediatas não podem se sobrepor a luta maior, de mudança da sociedade para o socialismo.
O amor real é de classe
Quem ama luta
Quem luta ama
Os debates sobre o tema ocorreram em grupos, com questões fundamentais para serem refletidas pelo movimento de economia solidária:
1. O conflito ou a luta de classe que acontece atualmente tem sido uma luta aberta ou dissimulada?
2. Qual a alternativa para a classe trabalhadora hoje?
3. O que temos feito até hoje tem dado alternativa para a classe trabalhadora ou são apenas formas paliativas que não alteram a estrutura do capitalismo?
4. Aonde temos que gastar as energias revolucionárias da classe?
Nas reflexões, os debates levantaram uma diversidade e complexidade de questões, dentre elas: a falsa sensação de bem estar com o consumo, o crédito, os benefícios sociais que mascaram o conflito social e de classes e dentro disso, não se deixar cooptar por políticas públicas temporárias que freiam a luta; os conflitos entre a teoria que não representam a prática cotidiana; a necessidade de manter sentimento de indignação, denúncia e resistência para continuar na luta; o desafio da autonomia política do movimento e do FBES; dificuldade de participação do mundo rural; se unir enquanto classe trabalhadora e unificar o projeto através da articulação dos movimentos populares nacionais e internacionais; a ecosol não pode ser cooptada pelo capitalismo, tem que ser alternativa e não complementação, e para isso precisa intensificar a formação política de base.
Outras questões foram levantadas, como: quais mecanismos de participação utilizar para fortalecer o FBES? Qual nosso método para formar nossos militantes? Que cultura cultivar? Há perspectiva junto aos partidos? O EES estão conscientes de que são os protagonistas para transformar o sistema?
Nas contribuições do MST foi colocado o conceito de movimento social: aquele com um projeto que olha para frente, com projeto político, que tenha organização, que se reconheça e organize sua luta. A análise sobre o estado tem que se manter crítica, assim como a mudanças dentro da perspectiva dos partidos políticos, que hoje se focam mais na disputa eleitoral, sem expressar realmente um projeto político.
Ao final do dia, um simbólico casamento entre o MST e a economia solidária foi momento de descontração e representação da união de forças.
Nos momentos culturais, o cordelista presente Edigar contribuiu com um cordel sobre o dia anterior da Oficina:
"Vo fala in pureza Puxando pela inspiração Dizendo o que qui aconteceu Onte numa reunião Cum tanta muié bunita Falando pro povão
Bicho besta é o matuto Eu tava no mei daquele povo sabido Vendo eles falar Um negócio bem cumprido Eu como num sabia nada Fiquei só de ovido
Uma tá de políiia púbrica Muitos começaro discusar Tinha uma pessoá lá do sítio Otos era da capitá Uns intendia alguma coisa Otos num quisero falar
Uma muié falava pro medonho Ota começava cantá Uma falava de rede Eu pensava que era de deita Oto falava de conomia E eu só fazia iscutá
Vei uns home importante Muito bem studado Falava umas estranha Eu nunca tinha escutado Vi quando uma moça se spoletô Parecendo um leão infezado
Eita muierada braba As que vi onte aqui Uma tá de pimenta Parecia um boi no giqui Quando tá muito brabo Queremos se scapulir
Uma tá de Catarine Viro uma fera valente Spoleto-se também Katiucia pula lá na frente Das Alagoa grito Neno Assanhado que só um jumento
Jaqueline mostrava um pape Com alguma coisa escrita Rosana botava a mão na cara Tatiana baixa a vista Lidia oiava prum lado e outro E os home baixando a crista
Dizem que japonês Tem os oi apertado Mas onte vi uma tá de Keiko Com os zoi arregaldado E Tide no canto da parede Ficava bem de bico fechado
Ontem o povo tava brabo Com o qui foi falado Os homi sabido Ficaro mei maguado Mai o povo resistiu Pro num ter concordado
Querendo apaziguá Penha aparece sem demora Pedindo disculpa aos homi Mai o povo sem demora Asseguro sua fala E os cara foro imbora
Gente peço desculpa a todos Por está brincando É uma forma de discontrair E continuarmos caminhando Fazendo essa economia Que aos poucos esta chegando Pois é através dos debates Que vamos nos apropriando E fortalecendo este movimento Que um grande espaço esta conquistando" (Edigar, o abençoado)
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